Another Lisbon Story
de Claudio Carbone
17ª Festa do Cinema Italiano 2024
Portugal, 2017, 53', Legendas , documentário
No Bairro da Torre, um bairro informal de Lisboa, os moradores são parte ativa das decisões do lugar onde vivem e uma equipa de investigação segue o processo da sua inclusão na estrutura urbana.
O Bairro da Torre é um distrito de gênese informal, nascido em terras tanto públicas como privadas ao lado do atual aeroporto de Lisboa, como resultado de uma ocupação ilegal por populações portuguesas, africanas e ciganas. Estas casas não legalizadas, são o resultado da ausência de uma política que não conseguiu responder nos últimos anos às deficiências e necessidades dessas populações com baixa renda. A busca de soluções menos tradicionais torna-se o meio alternativo pelo qual tenta-se "resolver" o problema da casa.
Neste contexto vivem atualmente 62 famílias, cerca de 300 pessoas, mulheres, crianças, homens, idosos, pessoas com deficiência e, em alguns casos, com graves problemas de saúde. Eles vivem em um bairro sem condições mínimas de higiene, com casas precárias, sem saneamento básico, nem sempre com água potável disponível.
O tema das cidades informais para os europeus tem um sabor exótico (fácil é pensar as favelas brasileiras) poucas pessoas sabem que estas são realidades paralelas que crescem muito perto de nós, e como muitas vezes acontece em bairros semelhantes onde os fluxos econômicos são nulos, as únicas instituições interessadas são associações sem fins lucrativos e universidades.
E é precisamente a partir da o encontro entre a comunidade e um grupo de pesquisa da universidade da Faculdade de Arquitectura de Lisboa o "Gestual" (grupo que busca através de um planejamento emancipatório de envolver os moradores e os cidadãos na tomada das decisões respeito ao lugar onde eles vivem), que começou agora um processo de inclusão deste bairro estigmatizado na sociedade. Com o objetivo de uma futura consolidação e integração por meio do planejamento urbano comum: seja através de práticas de auto-produção em seus habitats, seja através de movimentos de cidadãos em defesa dos seus direitos.
Ser capaz de reconhecer as necessidades das comunidades e as transformações espaciais em ato, não dependendo exclusivamente das perguntas formuladas por algumas classes sociais, oferece a oportunidade de reduzir as desigualdades no espaço.