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Andromeda, de Luciana Fina, o tempo da utopia na televisão dos anos 60 e 70
Dia 15 de Abril, pelas 19h, no Cinema Fernando Lopes acontece uma sessão especial e única de Andromeda, de Luciana Fina com a presença da realizadora.
Andromeda é um filme que nasce de uma longa investigação nos arquivos da televisão pública italiana (RAI) e da memória pessoal da cineasta Luciana Fina. O título evoca a série de ficção científica A come Andromeda (Vittorio Cottafavi, 1972), protagonizada por uma mulher alienígena — figura que desde a infância intrigou a autora, símbolo de uma televisão que ousava imaginar outros futuros.
Nas décadas de 60 e 70, a televisão pública italiana vivia um momento singular: um laboratório social e artístico onde confluíam cineastas, filósofos, artistas visuais e documentaristas — de Rossellini a Pasolini, de Michelangelo Pistoletto a Pino Pascali, de Adorno a Eco. Era uma televisão que pensava, que educava, que mostrava a vida real — das lutas operárias aos jogos de rua das crianças, das experiências performativas à crítica social.
Luciana Fina recompõe esse imaginário conjugando, de um lado, a presença de uma jovem telespectadora que comanda a emissão com um primitivo telecomando a ultrassons e, do outro, as imagens de arquivos que percorrem a produção televisiva de 1966 a 1976. O espectador atual vê-se espelhado nessa jovem — simultaneamente actor, receptor e crítico da imagem.
Entre o passado e o presente, entre a memória e a invenção, o espectador é chamado a reflectir sobre o seu próprio lugar, sobre que televisão e que relação com os media temos hoje, que lugar ocupa a utopia.
“As imagens do passado olham para nós e pedem para comparecermos diante delas. Voltar a ver não diz respeito ao passado, é uma exploração de possíveis deslocações entre o passado e o presente.” — Luciana Fina
A sessão contará com a presença da realizadora.
Os bilhetes estão à venda no local e na Tickeline.
Sobre Luciana Fina
Cineasta e artista italiana, trabalha em Lisboa desde 1991. Investigando as hipóteses do Cinema no campo das Artes, tem desenvolvido um trabalho destinado a salas de cinema, palcos, museus e galerias. Após a formação em Literaturas Românicas, inicia uma longa colaboração com a Cinemateca Portuguesa como programadora. Em 1993 cria a primeira instalação Super 8 para o palco, “Branco Sujo”, com a coreografia de João Fiadeiro. Estreia-se na realização em 1998, integrando a geração de realizadores e realizadoras que deram nova vida ao documentário em Portugal. Entre 2002 e 2003, com a instalação “CCM” na Fundação Gulbenkian e o tríptico “CHANTportraits” no Museu do Chiado, focando os temas das migrações e do retrato, dá início ao seu percurso em espaços expositivos. O extenso corpo de trabalho, filmes, instalações fílmicas e site-specific, tem sido apresentado internacionalmente em festivais de cinema e exposições, estando representado na Colecção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian, na Colecção Nouveaux Medias do Centre Georges Pompidou e na Colecção de Arte Contemporânea do Estado.
Professora convidada no Ar.co, História(s) do Cinema, de 2017 a 2023.
Investigadora em Artes da Imagem em Movimento, colaboradora do Centro de Investigação e de Estudos em Belas- Artes (CIEBA), Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes.