Integrado no ciclo Sombras: Histórias de colonialismo, solidariedade e libertação

Programa com curadoria de Mattia Tosti e Orsola Vannocci Bonsi. Através de um percurso híbrido que une videoarte, cinema de arquivo e documentário, o programa explora as narrativas complexas ligadas ao colonialismo e aos processos de libertação, entrelaçando as experiências históricas de Itália e Portugal.

TeleGuiana, Niccolò Moronato

Itália, 2019, 9’
TeleGuaiana explora a tentativa falhada de colonização das Américas por parte de um Estado italiano, através da expedição Thornton de 1608, organizada pelo Grão-duque da Toscana, Ferdinando I de’ Medici, para explorar a possibilidade de colonizar o que hoje é a Guiana Francesa. Através de uma montagem que entrelaça pinturas de Agostino Brunias, sketches de Henri Salvador e jingles cinematográficos, o filme revela conexões entre as aspirações coloniais do passado e o imaginário neoliberal dos paraísos fiscais atuais.

doan yu tell no one I made it, Justin Randolph Thompson
Itália, 2020, 11’
Com: Leonard Bundu Yosef Teklay Antonella Bundu Thelonious Stokes
Uma curta-metragem em super8 realizada para o Museu MADRE na Giornata del Contemporaneo. A obra reflete sobre a fragilidade e a resistência à ideia de triunfo, contrapondo o paternalismo do colonialismo italiano e a visão de Léopold Senghor sobre o papel humanizador de África. Em cenas de intensa carga simbólica, dois pugilistas enfrentam adversários invisíveis sob um arco triunfal, enquanto um ativista lê um discurso de Senghor no Salone dei Cinquecento.

Gaddafi in Rome: Anatomy of a friendship, Alessandra Ferrini
Itália, Reino Unido, 2024, 26’
Gaddafi in Rome: Anatomy of a Friendship analisa a relação entre Silvio Berlusconi e Muammar Gheddafi, partindo de uma fotografia tirada durante a visita de Gheddafi a Roma em 2009. Nela, um gesto simbólico de Gheddafi, com uma foto de Omar al-Mukhtar, traz à tona as tensões coloniais. O filme explora o tratado de amizade de 2008, que teve graves consequências para os migrantes líbios e os direitos humanos, refletindo sobre um século de (neo)colonialismo. Apresentado na Bienale de Arte Veneza.

Oae, Patrizio di Massimo
Itália, 2009, 14’
Oae explora o doloroso tema da ocupação colonial italiana na Líbia, abordando um capítulo sombrio da história italiana. Patrizio Di Massimo investiga esta fase crucial utilizando uma poderosa combinação de materiais em vídeo filmados na Líbia no verão de 2008 e cenas do filme Il leone del deserto de 1981. Este filme, que retrata a vida de Omar el-Muchtar, uma figura emblemática da resistência líbia, foi censurado na Itália.

Malù – Lo stereotipo della Venere Nera in Italia [censored], Invernomuto
Itália, 2015, 30’

Malù – Lo stereotipo della Venere Nera in Italia [censored] refere-se a três áreas de um estereótipo que remonta ao século XIX: a fascinação europeia por Saartjie Baartman, a chamada "Vênus hotentote"; a repetição no cinema italiano dos anos 60 e 70 e em campanhas publicitárias dos anos 80 de fotografias de mulheres abissínias; e os mais recentes fenómenos de histeria mediática envolvendo Silvio Berlusconi e Ruby Rubacuori.

Il quarto giorno di scuola, Martina Melilli

Itália, 2015, 5’
Uma criança conta o seu quarto dia de escola num país novo, depois de ter chegado de África. Deveria ser italiano, mas de alguma forma não o é. Sem memória, o presente continua a perseguir o passado, na circularidade da História. O artista flutua no mar da pós-memória, contando com as palavras do pai e as imagens de arquivo uma história que vai além das fronteiras da experiência individual, onde o passado de uma pessoa se torna o presente de uma nação, num tempo de migrações em massa.

A seguir: conversa com Alessandra Ferrini - artista, investigadora e educadora, vencedora do Maxxi Bulgari Prize 2022, convidada para a 60ª Bienal de Veneza em 2024, e Justin Randolph Thompson - artista, facilitador cultural e educador, cofundador e diretor do Black History Month Florence, moderada por Federico Rudari - doutorando e investigador em estudos culturais na Universidade Católica Portuguesa – CECC, Centro de Pesquisa em Comunicação e Cultura, Lisboa.